segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
História Universal da Infâmia
Como eu postei na Metal Poderoso esses dias, "No Dia do Leitor eu nem falei nada, porque fiquei com um cadinho de vergonha de dizer que não estava lendo nada (afinal, eu faço letras, portanto já leio pra caramba o ano todo, e agora estou de férias).
Mas resolvi voltar ao livro que comecei logo depois do LOTR e não tinha conseguido acabar. Ele se chama História Universal da Infâmia, do Jorge Luis Borges"
Eu acabei o livro até que rápido (foi quinta agora, eu acho), e vou postar algumas coisas que pensei sobre ele.
O livro é bem fininho (77 páginas) e traz vários contos curtos (os menores não preenchem nem uma página), e é muito bom.
Os que mais me chamaram a atenção foram, primeiro, O Incrível Impostor Tom Castro, sobre um sujeito que se passou pelo filho morto de uma dama inglesa, graças à genialidade de Bogle, um "negro criado" australiano.
Trecho: "Bogle inventou que o dever de Orton era embarcar no primeiro vapor para a Europa e satisfazer a esperança de Lady Tichborne, declarando a ela ser seu filho." (p. 10)
Acontece que o plano genial do Bogle era mandar um sujeito que não tinha absolutamente nada a ver com o filho original! (acreditem, era genial mesmo) E o pior é que colou!
"Bogle sabia que um fac-símile perfeito do desejado Roger Charles Tichborne era de impossível obtenção. Sabia também que todas as semelhanças obtidas não fariam mais do que destacar diferenças inevitáveis" (ib.)
Depois a mulher morre e os parentes começam a querer o couro do Orton. Bogle, obviamente, dá um jeito, só que não vou contar qual foi.
Depois, A Viúva Ching, Pirata. Basicamente, o marido dela (que era pirata) foi assassinado pelo governo chinês e ela tomou o lugar dele.
O último que vou citar é o "A Câmara das Estátuas": "Existia um forte castelo nessa cidade, cuja porta de dois batentes não era pra entrar e nem sair, mas para que a mantivessem fechada. Cada vez que morria um rei e outro rei herdava seu trono altíssimo, este acrescentava com as próprias mãos uma fechadura nova na porta" (p. 57). E o vigésimo quinto rei resolveu abrir a porta. (trilha sonora de suspense).
Esses contos, como os outros, narram histórias de gente filha da puta (não dá raiva de nenhum deles, mas tu pensa "meu, que bicho desgraçado!") que faz filhadaputices pra se dar bem na vida, basicamente.
Eu terminei o post na MP dizendo o seguinte: "O que eu mais curto no Borges é o estilo dele, que me parece meio documental, como se ele estivesse relatando uma pesquisa que fez. Já me disseram que isso realmente aconteceu, ele morava em uma biblioteca e lia muito e escreveu sobre o que leu, mas outras pessoas disseram que é tudo invenção."
Bem, fiz uma pesquisa rápida na internet e descobri que o livro de que ele diz que tirou "A Viúva Ching, Pirata" realmente existe. Dos outros eu nem fui atrás, mas acredito que existam mesmo.
Por fim, li a relação de obras do Borges e decidi que ia ler o Seis Problemas para Don Isidro Parodi, livro policial que escreveu em conjunto com Adolfo Bioy-Casares. Se alguém quiser me dar de presente, estou aceitando.
Ps: o primeiro livro do Borges que comecei a ler (era O Aleph e digo comecei porque não tive tempo de acabar), tinha o mesmo tom historiador deste, mas tu acabava de ler cada conto e ficava com a sensação de que não tinha entendido tudo. Esse não foi assim. Acabei, entendi a história, fim de papo.
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Parece ser bem legal mesmo, e sendo fino a gente tem esperanças de acabar né? ahahah
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