Poucos contos e alguns trocados.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Sobre orelhas e chapéus

 Uma das expressões da língua portuguesa que mais me intriga é a "cabeça não serve só pra separar as orelhas" variante da "cabeça não é só pra segurar o chapéu".

Elas são usadas quando alguém faz alguma coisa inteligente. 

Embora a primeira faça mais sentido nos dias de hoje (quem que usa chapéu, hoje em dia? No máximo boné, e olhe lá), ela é muito mais estranha. Andei pensando no porquê.

Concluí, por fim, que, primeiro, a expressão "segurar o chapéu" não é estranha porque, embora ninguém mais use chapéu, ainda sabemos que chapéus servem para ficar em cima da cabeça.

Mas nós ainda usamos orelhas! Poisé, mas pensem comigo, caso exista alguém sem cabeça (sei lá, o Cavaleiro sem Cabeça, a Mula, sei lá), ainda existirão chapéus (e a criatura - uma vez que alguém sem cabeça não possa ser chamado de pessoa, eu acho, porque uma cabeça é uma parte constituinte necessária para se ter uma pessoa -, a criatura poderá usar chapéu em outro lugar, como segurá-lo na mão, sei lá).

Existirão chapéus mas as orelhas da criatura não existirão. Haverá orelhas, obviamente, mas o ser não poderá usá-las de maneira alguma.

Então, concluímos que a cabeça não pode servir às orelhas, mas sim o contrário, porque sem cabeça não existem orelhas.

O Cavaleiro-Sem-Cabeça pode usar chapéu, mas não tem orelhas
Ps.: Voltei a escrever bobagens.

Um comentário:

Obrigada por ler a postagem! Agora quem está curiosa pra saber o que você achou dela sou eu!