Poucos contos e alguns trocados.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Sobre possessivos e imperativo

E aí, galere? Tudo suave? O post de hoje é sobre a nossa amada língua portuguesa. Não sei vocês, mas eu amo a nossa língua (senão não tinha feito letras, né) e principalmente estudar e entender o funcionamento dela - tanto na gramática tradicional quanto na linguística moderna. 

Enfim. Eu queria falar sobre uma coisa que sempre me incomodou entre as pessoas "leigas" em gramática. O possessivo. Nunca vou me esquecer de que fui a um Centro Espírita (já faz muito tempo mesmo) e o palestrante disse, lá pelas tantas, que era errado dizer "minha mãe", "meu filho", porque, na verdade, não somos donos de ninguém. E, esses dias, li no blog da Lola um post dizendo que é errado dizer "tenho um cachorro", "sou dono de duas gatas", tratando o animal como propriedade e, lá pelas tantas, apareceu alguém dizendo que não seria certo dizer "meu gato". 

Aaaaaaaaaah, parem, só parem! Não é porque os pronomes chamam possessivos que eles apenas servem para designar posse.

Pra quem não sabe, pronomes possessivos são o meu, teu, seu, nosso, vosso, dele e seus respectivos femininos e plurais.
 Esse é o nome deles, mas eles servem pra muitas coisas. Por exemplo, "meu jardineiro" - indica que ele trabalha pra mim. "Meu chefe" - indica que ele manda em mim (pelo menos no serviço). Minha cidade. Meu país. Minha rua. Minha escola. Meu curso. Minha doença. Minha banda preferida. Meu médico. Meu vizinho. Minha senhora. Minha religião. Meu Deus.  Nenhuma dessas coisas nos pertencem, mas usamos o possessivo mesmo assim. 

Outra coisa que também suscita dúvidas é o imperativo. Gente, eu sei que "impero" significa "dar ordens" em latim, mas o imperativo não serve só pra isso. Pra quem não lembra o que é imperativo, é o seguinte tempo:

AFIRMATIVO                 NEGATIVO
ama (tu)                            não ames (tu)
ame (você)                       não ame (você)
amemos (nós)                   não amemos (nós)
amai (vós)                        não ameis (vós)
amem (vocês)                  não amem (vocês)

Pra vocês terem uma noção de que o imperativo não é só pra dar ordens, pensem nas orações que aprenderam quando crianças:

Pai Nosso, que estais nos céus (...) o pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai as nossas dívidas (...) livrai-nos do mal e não nos deixeis cair em tentação (...) 

Eu negritei os imperativos, pra facilitar a vida de vocês. Alguém acha mesmo que o sujeito que reza o pai nosso está dando ordens pra Deus? 

Outros exemplos:

Me dá uma esmola, pelo amor de Deus! - implorar
Só me dá um minuto. - pedido
Vai nessa. - ironia
Desce e arrasa! - incentivo
Durmam com os anjos. - desejo
Use camisinha. - recomendação
Faça o auto-exame (outubro rosa, galera) - conselho
"Não tenha medo de usar as palavras certas: machista, racista, homofóbico..." fonte
Vamos todos prestigiar! (amiga minha sobre certo evento) - convite

fonte
Portanto, galera, não se deixem enganar pelos nomes das classes gramaticais. 

Por hoje é só!

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