Poucos contos e alguns trocados.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Sobre Spoilers


Ainda hoje a Andy me avisou que minha resenha do Drácula tem horrores de spoilers. E aí eu pensei: "como falar do livro sem dar spoilers?" Na real, sempre pensei isso. Se vocês lerem essa resenha aqui, de Lolita (do Vladimir Nabokov), vão ver que ela começa assim:

E depois de relutar, pensar, repensar, esperar e tantas outras coisas terminadas em "ar", enfim eu li Lolita. Sim, senhoras e senhores, eu tô falando daquele livro super polêmico que causa confusão, discordâncias, divergências e "tretas" entre os leitores e os críticos a séculos. De autoria de Vladimir Nabokov, Lolita tem como protagonista Humbert Humbert, um homem de mais ou menos quarenta anos, que se apaixona por uma garota de doze anos. (grifo meu)

 Isso é spoiler! Ele só conhece a Lolita lá pela metade do livro! Antes disso, acontecem um monte de coisas que não têm nenhuma relação com ela (e durante as quais a menina nem tinha nascido). Mas simplesmente não dá pra falar do livro sem dizer isso, principalmente porque o livro fala sobre isso.  Essa é a história dele. O que acontece antes é uma espécie de prólogo e, na minha opinião, sua função é apresentar o protagonista e mostrar claramente o quanto ele é louco. E ninguém conta que o Humbert Humbert morre na prisão, coisa que acontece nas primeiras páginas do livro.

Pronto, acabei com o livro. sqn

Eu não acho que spoilers prejudiquem tanto assim a leitura de um livro. Inclusive, aconteceu comigo um episódio que acho que vale a pena relatar. Quando eu era caloura (e lá se vão anos), uma amiga minha ganhou um monte de livros, entre eles A Metamorfose, do Kafka. Ela leu e adorou. E foi me contar, empolgada, sobre o bendito livro. Lá pelas tantas, ela disse "ah, queria falar sobre o final, mas não quero te dar spoilers" e eu disse "pode falar, não pretendo ler esse livro tão cedo". E ela me contou que, no final do livro, o Gregor          . Ela estava super decepcionada com esse final. Enfim. Aconteceu que, não muito depois, o nosso professor de teoria literária mandou ler o livro. Ela ficou super mal por ter me contado o final. E eu "dá nada". Li o livro. Não foi com aqueeeela empolgação (Kafka não é exatamente empolgante, ainda mais contando a história de um sujeito que foi transformado em um "monstruoso inseto". Na real, isso poderia virar um livro medonho de terror, contanto que fosse escrito por alguém que tivesse essa intenção).  No fim das contas, gostei do livro. Não fiquei decepcionada com o final (inclusive achei que fazia sentido). Um dia falo mais sobre A Metamorfose (evitando spoilers).

A minha teoria disso tudo é que um livro bom não perde nada ao se saber o final. Eu não leio livros pra saber o final (muita gente deve ler, sei lá). Gosto do ato de ler. Muitas vezes me contam o final de alguma coisa, tipo sei lá, um spoiler da Bíblia (tou evitando encher esse texto de spoilers rs): "Jesus morre" e aí eu vou ler não pra saber que Jesus morre, mas pra saber como e porque ele morre. E, enquanto eu estou lendo a Bíblia, fico pensando "mas, meu Deus, o que vai acontecer pra dar uma reviravolta tão grande e o manolo morrer?". É bem divertido quando acontece isso. Claro, na Bíblia não, até porque todo o mundo conhece a história.

Outra coisa em relação a spoilers que também me vem à cabeça é, ao ler o livro, tu vai assistir ao filme já sabendo de tudo o que vai acontecer (menos no Hobbit, porque incluíram um punhado de coisas que não existiam no livro) ou de quase tudo, já que 100% fiel não tem como ser. Nesse caso, por que veríamos o filme depois de ler o livro? E olhem que eu terminei  Os Três Mosqueteiros louca para ver um filme sobre. Dom Quixote também deu vontade, só que esse eu acho que merecia um seriado, pra poder aparecer tudo o que acontece no livro, e não só a cena dos moinhos de vento que viram gigantes.

eu ri

Às vezes parece que dar spoiler é só dizer "quem morre". Mas não é assim. Pensem na galera que leu Game of Thrones e assiste ao seriado. Se fosse só "quem morre", o seriado não ia ter a menor graça pra esse povo.

De qualquer maneira, por esses dois motivos (não sei falar do livro sem dar spoilers e acredito que spoilers não afetam a leitura), vou continuar fazendo as minhas resenhas do mesmo jeito. A menos que eu aprenda a fazer de outro. 





2 comentários:

  1. Sabe que eu acho a mesma coisa! É impossível falar de um filme/livro sem dar spoiler. Particularmente, não vejo problema algum também. Leio ou assisto pelo prazer de ver a história. Até pq cada um cria sua própria impressão sobre o que lê/vê, então nunca levo muito a sério o que me dizem mesmo. Minha irmã é uma que detesta spoilers, então já sei que não posso comentar sobre livro ou filme algum com ela pq ela logo perde o interesse. Mas quando eu escrevo sobre algum livro ou filme ou mesmo revista em quadrinho, já prefiro chamar de "comentários" do que resenha. Sei que tem vários esqueminhas que caracterizam a resenha que não sigo muito à risca mesmo, então, para não causar problemas, chamo de comentário — dai escrevo o que eu bem quiser.

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    1. Eu chamo de resenha pra facilitar mesmo, porque também não sigo à risca o gênero.

      Que coincidência, minha irmã também detesta spoilers! Fiquei p. da vida porque ela não leu Os Três Mosqueteiros inteiro e aí não pude falar sobre o livro com ela!

      Também gosto de ter minha visão/opinião sobre a obra, principalmente se alguém diz que é ruim! Dá uma vontade de ver só pra ver se a pessoa está certa mesmo rs

      Valeu pela visita e o comentário!

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