Acabei o primeiro tomo de As Mil e Uma Noites, e, ao contrário da propaganda da Andy, não achei lá tudo aquilo.
A história acho que todo o mundo conhece.Um Sultão - espécie de rei - casava-se com uma jovem a cada dia, passava com ela uma noite e mandava matá-la no dia seguinte. Tudo isso porque estava desiludido das mulheres pelo motivo mais velho do mundo - chifres. Cheherazade resolve pôr fim a esse ciclo de horrores e se oferece como esposa. Ela começa a contar histórias para o sultão, que resolve não matá-la até saber o fim. Mas a moça, esperta, prolonga as histórias por mil e uma noites, até que ele se apaixone por ela.
A Andy, na sua resenha, fala de passagens extremamente machistas. Não é só o "Cheherazade era inteligente para uma mulher" a que me refiro. Tem uma história em que encontram uma jovem esquartejada dentro de um baú no rio. O Califa jura que vai enforcar quem fez isso. Encontram o culpado. Era o marido, que o tinha feito por achar que ela o traía. Como, logo após o crime, o sujeito descobre que ela era inocente, ele fica sofrendo horrores por isso, o Califa o perdoou. Imaginem.
Diz a Andy: "As pessoas se matavam por pouca coisa, e tinham um senso de justiça bem estranho." Realmente. Em algumas passagens, o sujeito é enforcado por matar alguém. Em outras, eles matam e não dá nada. Isso sem contar os Califas, reis e sultões, que mandavam enforcar e poupavam sem muitos escrúpulos.
Outra coisa que me chamou a atenção é como as pessoas se guiavam pela aparência. Em uma das histórias, um rapaz é pego roubando e condenado a perder a mão direita. A sentença é executada ali mesmo, pelo guarda que o prendeu. As pessoas se compadecem do rapaz porque ele é de boa aparência e "certamente uma desgraça o obrigou a cometer um ato tão odioso". Em outra história, Badura, a princesa da China, acorda ao lado de um rapaz que não conhecia e se apaixona por ele perdidamente, sem que ele sequer acorde (!) só porque ele é incrivelmente lindo.
Separei algumas histórias dignas de nota:
Simbá, o Marinheiro. Eu achei um pé no saco as histórias dele (são sete as viagens que ele empreende), porque basicamente ele só sai para comerciar, naufraga, encontra canibais e consegue se salvar com muitas riquezas.
A História dos Três Calândares, Filhos de Rei, e das Cinco Damas de Bagdá - Uma das melhores histórias (tirando o final, em que todo o mundo casa e vive feliz pra sempre - indigno da história)
A História Contada pelo Alfaiate - Com um barbeiro absolutamente chato, que importuna um jovem. Se eu, que tava lendo a história, já queria dar umas porradas no barbeiro, imagino o rapaz. Depois, o Califa ainda atura as histórias do bendito.
A História de Abu-Hassan Ali Ebn Becar e de Chemselnihar, Favorita do Califa Harun al-Rachid - Uma história de um casal que se apaixona só de se ver e fica sofrendo horrores por amor, porque não podem ficar juntos. Tipo um Romeu e Julieta das arábias.
A História dos Amores de Camaralzaman, Príncipe da Ilha dos Filhos de Kaledan, e de Badura, a Princesa da China - Mais uma de se apaixonar só de se ver. Mesmo depois de ficarem juntos, a história ainda continua e o primeiro tomo não mostra o final. Vou pegar o segundo só pra terminar essa. (E assim, deixo Cheherazade viver mais algumas noites).
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