A Frankie pertence à Andy, mas o vestido fui eu que fiz |
Depois do Drácula, eu li O Médico e o Monstro e o Frankestein, pois estavam no mesmo livro - objeto livro. Enfim. Não vou resenhar o Médico e o Monstro por razões de: preguiça, mas sobre o Frankenstein eu vou falar.
Este deve ter sido o primeiro Frankenstein com quem tive contato. Muito adorável, não? |
O Frankenstein é um verdadeiro clássico do terror com direito a pitadas de ficção científica e de romantismo (romantismo como movimento literário, não no sentido de amor).
Pra começar, gostaria de salientar que Frankenstein é o criador (o cientista louco), não o monstro. Victor Frankenstein é um rapaz saudável com uma vida perfeita. Tem dois irmãos caçulas e uma "irmã" adotiva, por quem sempre foi apaixonado (uma paixão bem sem graça, diga-se de passagem). Seu pai é rico e eles vivem em uma casa de campo na Suíça, meio afastados do convívio da sociedade (leia-se sociedade como o mundo de festas e talz). Ele tem um melhor amigo, Henry Clerval, que daria a vida por ele.
Até que, um belo dia, Victor resolve fazer faculdade. Ele se apaixona pela química e se revela um estudante formidável (genial, eu diria) e fica cego pela ideia de criar um ser com vida. Durante mais de um ano, ele trabalha obstinadamente nisso, até que enfim consegue. Mas ele criou um monstro (não um bichinho bonitinho tipo o Frank ou a Frankie, de Monster High). Pra vocês terem ideia, vou transcrever aqui a parte em que ele fala do bicho:
Sua pele amarelada mal cobria o entrelaçamento dos músculos e das artérias; os cabelos eram de um negro lustroso e liso;os dentes, de perlada brancura; mas essas exuberâncias apenas serviam para formar um contraste mais medonho com seu rosto enrugado, seus lábios retilíneos e seus olhos aguados, que pareciam quase da mesma cor que as órbitas de um branco pardacento em que se encaixavam.
Sim, até o filme mais recente de Frankenstein não dá conta do quão medonho era o monstro.
O sujeito chega a ser bonitão |
O mais horrível, porém, é que o monstro não era um bonecão meio dããã que vive perdendo o cérebro - como na turma da Mônica - mas um ser pensante e com sentimentos, que acaba por querer se vingar do sujeito que lhe deu a vida, e o colocou nesse mar de sofrimento, em que todas as pessoas têm pavor dele!
O monstro tem mais de dois metros de altura, realmente |
E aí ele começa a matar todas as pessoas que gostam do Victor (não vou falar quais), enfiando o coitado em um mar de sofrimentos. Como é o próprio rapaz que conta a sua história, vira uma lamentação sem fim (oh, como eu sofro, cheguei ao fundo do poço de desolação e sofrimento, etc, etc). Essa parte é meio chata, o que me fez demorar eras pra terminar de ler.
A leitura do livro me fez lembrar das tragédias gregas, em que o herói se ferrava totalmente e não tinha vilão. Ou seja, todo o mundo era inocente até um certo ponto, mas tinha feito coisas que, de alguma maneira, justificavam as merdas que aconteceram com ele. Por exemplo, Édipo, cujo crime foi matar o pai. Ele foi criado longe dos pais biológicos e, quando descobriu que estava fadado a matar o próprio pai, fugiu de casa (pois ele não sabia que era adotado) e, por isso, acabou matando o pai biológico e, em seguida, casou-se com a mãe (sem saber disso). Ele é inocente e culpado ao mesmo tempo. Culpado por ter feito o que estava predestinado a fazer. Como culpar uma pessoa que não teve escolha?
O Victor e o monstro ficam nessa. O cientista não fez nada de mau: foi atrás do seu objetivo de desenvolver a ciência. O problema é que ele dirigiu sua ambição para um lado sacrílego (ou ímpio, como ele chama no livro), ou, como era comum nas tragédias gregas - enfrentou os deuses. O monstro foi jogado em um mundo que o odiava justamente por ele ser o que ele era e só lhe restou vingar-se de quem o jogou nesse mundo.
A leitura do livro me fez lembrar das tragédias gregas, em que o herói se ferrava totalmente e não tinha vilão. Ou seja, todo o mundo era inocente até um certo ponto, mas tinha feito coisas que, de alguma maneira, justificavam as merdas que aconteceram com ele. Por exemplo, Édipo, cujo crime foi matar o pai. Ele foi criado longe dos pais biológicos e, quando descobriu que estava fadado a matar o próprio pai, fugiu de casa (pois ele não sabia que era adotado) e, por isso, acabou matando o pai biológico e, em seguida, casou-se com a mãe (sem saber disso). Ele é inocente e culpado ao mesmo tempo. Culpado por ter feito o que estava predestinado a fazer. Como culpar uma pessoa que não teve escolha?
O Victor e o monstro ficam nessa. O cientista não fez nada de mau: foi atrás do seu objetivo de desenvolver a ciência. O problema é que ele dirigiu sua ambição para um lado sacrílego (ou ímpio, como ele chama no livro), ou, como era comum nas tragédias gregas - enfrentou os deuses. O monstro foi jogado em um mundo que o odiava justamente por ele ser o que ele era e só lhe restou vingar-se de quem o jogou nesse mundo.
Vou rir eternamente do "o que mais te irrita" |
E ela é filha do monstro, não do médico (rs)
Mas enfim. O Doutor Frankenstein não fala a épica frase "Está vivo!mwahahaha", porque ele não é um cientista louco como normalmente mostram nos filmes. Ele está mais para um cientista obcecado (como alguns professores universitários que conheci). Quem já fez tcc entende o cara (acho que é por isso que temos o orientador, uma pessoa de fora que pode parar o estudante antes de ele fazer alguma grandiosa merda). Quando ele terminou o serviço, e caiu a ficha, ele viu que tinha criado um monstro. (Eu senti um pouco isso no meu tcc).
Mas enfim. O Doutor Frankenstein não fala a épica frase "Está vivo!mwahahaha", porque ele não é um cientista louco como normalmente mostram nos filmes. Ele está mais para um cientista obcecado (como alguns professores universitários que conheci). Quem já fez tcc entende o cara (acho que é por isso que temos o orientador, uma pessoa de fora que pode parar o estudante antes de ele fazer alguma grandiosa merda). Quando ele terminou o serviço, e caiu a ficha, ele viu que tinha criado um monstro. (Eu senti um pouco isso no meu tcc).
Outra coisa que as fotos da Frankie me lembraram: o monstro não ganhou vida por uma descarga fortíssima de eletricidade. Na verdade, o dr. Frankenstein não diz como ele fez isso, para não incentivar outros imbecis a seguirem o mesmo caminho dele, de criar um monstro que destruísse sua vida.
Enfim. O livro é mesmo digno de ser chamado de clássico, pois a moça (Mary Shelley) inventou tudo (não foi como no Drácula, em que o mito do vampiro já existia e o Bram Stoker só imortalizou). Ele também é um pioneiro de ficção científica e praticamente um manual de ultrarromantismo (eu fui lendo e me lembrando das características do movimento. Se um dia eu for dar aulas sobre o romantismo, vou levar o Frankenstein pros meus alunos).
Resumo da ópera: leiam. Não achei tão grudativo como o Drácula, mas ele é, sem dúvida, muito superior, tanto em termos de enredo, narrativa, construção e o próprio terror, em si, é muito mais inteligente.
Frankie seguindo meu conselho |
Foi um dos livros mais fodas que eu já li <3
ResponderExcluirFrankenstein >>>>>>>>>>>>Drácula, e incrível, eu jamais pensaria nisso antes de ler o livro, acho que por preconceito mesmo.
http://sabado-chuvoso.blogspot.com.br/
Não sei se "preconceito" seria o termo, acho que é questão de fama mesmo. O mito do Drácula é muito mais famoso (não tem nenhum livro em que uma menina monga se apaixone por um monstro de Frankenstein haha)
ExcluirValeu pelo comentário!
Gostei muito do livro, pq é bem diferente da história que a gente conhece do Frankenstein né? E a Mary Shelley é incrível, amo a história de como surgiu esse livro!
ResponderExcluirSim, sim, sim!
ExcluirObrigada por comentar!